O mundo está constantemente a girar e um dia chega a nossa vez.
Crescer sempre acontece de
uma hora para outra. E eu não estou me a referir a tamanho ou idade, antes assim
fosse. Falo sim de crescer interiormente, sentimentalmente, psicologicamente,
no sentido mais profundo da palavra, o que o torna tão assustador.
Quando olhei para mim
estava a brincar com bonecas, a penteá-las, fechei os olhos por segundos e
quando os abri as bonecas não estavam mais lá. Agora existiam cobranças,
responsabilidades e metas para serem alcançadas invés dos meus desenhos
animados preferidos, dos jogos, das bonecas e das brincadeiras na rua.
O mundo está
constantemente a girar e um dia chega a nossa vez. Passei a ser dona do meu
próprio nariz e a perceber que talvez a nós seja-mos narigudo demais e nunca
tenha-mos dado conta disso. Ser adolescente, quase um adulto é redobrar as
obrigações que tínhamos quando éramos mais novos e sonhávamos em crescer, é
olhar para as responsabilidades e pensar que as coisas básicas como saber que
tínhamos de entregar trabalhos de casa ou que tínhamos de ajudar a mãe na
cozinha passaram a ser saber que temos de aprender a nos sustentar, não só
financeiramente mas fisicamente e psicologicamente.
Crescer, crescer, crescer.
Até que nós crescemos e nos deparamos com uma visão do mundo totalmente
diferente da que todos aguardávamos. Os adultos não vivem em palácios, mansões,
muito menos são reis ou rainhas. E é quando tudo vira uma grande solidão e um
grande problema que nós sentimos saudades do colo da mãe, dos concelhos do pai,
das brigas pelo comando da televisão com o irmão, do cabelo engraçado da irmã e
dos docinhos da avó. Porque lembra-te que a sociedade não te vai dar carinho,
amor, um tecto, comida na mesa ou preparar a tua sobremesa favorita. Pelo
contrário, ela vai sugar tudo que tens, principalmente o seu tempo, até nada
mais restar.
Estamos diariamente numa
competição pra sobreviver, e essa é a verdade. Ou tu te destacas ou tu és
descartado. Custa ser essa tal de “gente crescida”. E dói porque a nós nunca
estamos preparados para lidar dessa maneira com tantas informações, tantos
cargos e responsabilidades.
O tempo passa para todos,
mas nem todos aproveita o tempo que corre. Arrepender-se é normal, é humano, é
comum. Mesmo que nós digamos que faríamos tudo de novo, que valeu a pena, que foi
bom e todas aquelas conversinhas de quem aparenta satisfação, o arrependimento
chega, uma hora ou outra, numa noite escondida quando deitamos a nossa cabeça
na almofada e pensamos que tudo poderia ser diferente. Mas as coisas são como
são e nós somos como somos, ponto final.
E o passado, esse não
volta, mas o “hoje” também não voltará mais, este dia não voltará mais a
acontecer, será um dia a menos na tua vida, um dia mais perto do fim.
Precisamos todos de abrir os olhos e acordar para a realidade. Precisamos
encarar a realidade de um jeito bom, de um jeito feliz, para que lá para a
frente, no futuro, o “agora” não se torne uma lembrança amarga.
Precisamos fazer escolhas
e, acima de tudo, acreditar nelas. Ou crescer e passar a acreditar em nós.
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